Devotos de 26 países participaram de eventos relacionados ao Jubileu da campanha iniciada pelo Venerável Diácono João Luiz Pozzobon

Juliana Lovato

Secretaria Pastoral da Causa de Beatificação do Diácono João Luiz Pozzobon

Com informações de www.schoenstatt.org.br

Nos últimos dias, Santa Maria foi o coração da hoje mundial Campanha da Mãe Peregrina. Coração que pulsou com fervor, unindo diferentes idiomas, culturas e bandeiras. Neste domingo, 14 de setembro, encerrou-se o Encontro Internacional do Jubileu da Campanha da Mãe Peregrina, celebrando os 75 anos do início deste movimento de oração e fé, iniciado na cidade pelo Venerável João Luiz Pozzobon.

O último encontro oficial dos devotos foi a Santa Missa da Romaria da Primavera, que tradicionalmente é realizada junto ao Santuário Tabor de Schoenstatt, mas que dessa vez, pelo grande público esperado, foi deslocada para o Altar Monumento da Basílica de Nossa Senhora Medianeira. Estima-se que mais de 5 mil pessoas participaram deste momento, incluindo os 700 participantes do Encontro Internacional. Ao grupo, que estava reunido desde quarta-feira, somaram-se mais de 15 ônibus vindos de cidades da região e os santa-marienses devotos da Mãe e Rainha e do Venerável Diácono Peregrino.

Congresso Acadêmico

A semana de eventos começou no dia 9, com o Congresso Acadêmico Internacional Nos Passos do Peregrino, sobre Vida e Obra do Diácono João Luiz Pozzobon, realizado na Universidade Franciscana pela instituição, em parceria com a Arquidiocese de Santa Maria e com a Secretaria Pastoral da Causa de Beatificação do Diácono João Luiz Pozzobon. Neste evento, que foi até o dia 10, participaram cerca de 200 pessoas, provenientes de 23 países.

O Congresso Acadêmico contou com palestrantes do Brasil, Espanha e Argentina, e as conferências foram traduzidas simultaneamente para o espanhol para os participantes da América Latina. Também houve exposição de trabalhos acadêmicos, por parte de estudantes universitários que desenvolveram pesquisas em temas relacionados ao Diácono João Pozzobon e sua história na cidade e na região.

Um dos palestrantes foi o Monsenhor Melchor Sánchez de Toca y Alameda, sacerdote espanhol que trabalha no Dicastério para a Causa dos Santos, no Vaticano, e foi o relator do processo de beatificação do Venerável Diácono João Luiz Pozzobon. Ele foi o responsável por analisar toda a documentação no início deste ano até a análise pelos consultores teólogos no dia 4 de março, o que permitiu que a causa avançasse até o decreto de Venerável, em junho.

– João Pozzobon foi meu primeiro amor, o primeiro processo que analisei desde que iniciei meu trabalho no Dicastério, e sua história é impressionante. Eu pude conhecê-lo em profundidade lendo todos os testemunhos a seu respeito, mas agora, poder visitar a casa onde morou, as ruas que percorreu, é realmente marcante – testemunha Mons. Melchor, com emoção.

Em sua palestra, o Arcebispo de Santa Maria, Dom Leomar Brustolin, trouxe à tona a fundamentação teológica e bíblica sobre a missão do Diácono Pozzobon, que encontrou sua vocação no diaconato permanente, resgatado pelo Concílio Vaticano II. Para Dom Leomar, Pozzobon viveu aquilo que Jesus contava nas suas parábolas:

– O fruto maduro da vida de João Pozzobon é um povo que se deixa visitar por Maria, e através dela, encontra Jesus Cristo.

O Congresso teve ainda palestras da Ir. Maria da Graça Sales Henriques, do Padre Antônio Bracht (Isch.), vice-postulador da Causa de Beatificação, do Padre Alexandre Awi Mello, Superior Geral dos Padres de Schoenstatt, da Sr.ª Ana Echevarría, uma das responsáveis pela internacionalização da Campanha da Mãe Peregrina, do Sr. Humberto Pozzobon, filho do Diácono, da Ir. M. Rosequiel Fávero, assessora da Campanha, e das historiadoras Prof.ª Dr.ª Maria Medianeira Padoin e Prof.ª Dr.ª Marta Rosa Borin, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Encontro Jubilar

Na quarta-feira à noite, iniciou-se o Encontro Jubilar de 75 anos da Campanha da Mãe Peregrina, com a abertura no Ginásio do Clube Recreativo Dores e procissão até o Santuário de Schoenstatt. O encontro se seguiu pela quinta e sexta-feira, em Santa Maria, incluindo missas, palestras formativas, trabalhos em grupo, momentos culturais, visitas aos locais históricos do Diácono João Pozzobon, entre outros.

Os 700 participantes, vindos de 26 países, também puderam conhecer um pouco da culinária e da cultura gaúchas na sexta-feira à noite, no jantar no CTG Sentinela da Querência. Já o sábado foi o dia de visitar a Quarta Colônia, passando pelo local de nascimento do Venerável Diácono Pozzobon, igrejas e oratórios importantes em sua trajetória.

No domingo, o evento se encerrou com a Romaria da Primavera, tradição iniciada por Pozzobon e que anualmente leva centenas de pessoas ao Santuário Tabor, para coroar as imagens de Nossa Senhora e abençoar as sementes para a nova safra. Dessa vez, a romaria partiu do Santuário Tabor e de outros pontos da cidade em direção ao Altar Monumento da Basílica de Nossa Senhora Medianeira. O celebrante foi dom Leomar, com a assistência de sacerdotes de diversas nacionalidades, incluindo indiana, polonesa, argentina e mexicana. Confira alguns depoimentos dos participantes do Encontro Jubilar:

Pe. Alexandre Awi Mello: “Sou brasileiro, e saber que um gaúcho conquistou o mundo com sua simplicidade, com um trabalho sério, profundo, apaixonado e entusiasmado é motivo de orgulho. Talvez muitos aqui, em Santa Maria, não reconheçam a grandiosidade de sua presença, mas este evento mostra que as fronteiras da cidade se abriram para o mundo por meio da Campanha da Mãe Peregrina e de João Pozzobon, hoje venerável. Ele caminhava por estradas da Quarta Colônia, dormia no caminho para levar a Mãe às famílias. A entrega radical de João a Jesus, pelas mãos de Maria, e seu serviço aos mais pobres continuam contagiando o mundo. Esse exemplo é um sinal de esperança que hoje se reafirma neste encontro internacional”.

Claudia Altagracia Magallanes Figueroa (República Dominicana): “A história de João Pozzobon chegou até nós na comunidade de Santo Domingo, na República Dominicana, onde temos um santuário fundado em 1973. Lá recebemos formação e conhecemos sua missão. O que mais me inspira é que ele levou a Mãe Peregrina a todos os países, para que todos conhecessem a Mãe e Rainha, Três Vezes Admirável, Vencedora de Deus.”

Pe. Johnson Panthappillil John (Índia): “Conheci a história de João Pozzobon quando estudava com os padres em Schoenstatt, na Alemanha. Depois, voltei ao meu país e comecei a trabalhar com o Movimento. Mais tarde, na América Latina, especialmente no Paraguai, conheci ainda mais sobre o diácono João Pozzobon. Para mim, ele é uma grande inspiração: um homem humilde, um pai de família, alguém comum que fez coisas simples e, com isso, alcançou a santidade. Essa simplicidade é também um chamado para nós: viver como ele, na família, como diácono, como cristãos no mundo todo. Eu venho da Índia, de muito longe. Trabalho lá com a Campanha do Rosário, que está crescendo e chegando a muitos lugares. Vim conhecer mais, visitar os espaços ligados a ele, rezar pela minha pátria e levar essa missão ao meu país. Sinto-me muito abençoado por estar aqui, nesta terra tão querida de João Pozzobon.”

Pe. Ntiranyibagira Longin (Burundi): “Sou padre de Schoenstatt, diretor do Santuário de Monte Sião Gikungu, em Bujumbura. O Movimento em meu país começou forte em 1962 e a Campanha da Mãe Peregrina chegou em 1974. Desde então, faz parte da nossa pastoral, com os Padres e as Irmãs de Maria. O que mais me inspira em João Pozzobon são as atividades pastorais que incluem a missão mariana: levar a imagem de Maria às famílias e pequenas comunidades, reunir as pessoas para rezar e fortalecer a vida cristã por meio da Campanha do Rosário. Foram mais de 20 horas de viagem até Santa Maria. Viemos nove pessoas: um padre, duas irmãs de Maria e seis leigos. Desde que chegamos, temos aprendido muito e vivido experiências que vão nos ajudar no trabalho pastoral em Burundi e também na região: Congo, Tanzânia, Uganda e, agora, também no Quênia.”

Maria Eliane Nascimento Cesário (Caruaru/PE): “Conheci o Movimento há muito tempo e me emocionei com a história de João Pozzobon. Ele foi casado, ficou viúvo, precisou trabalhar e criar os filhos, mas nunca usou isso como desculpa para não servir à Mãe. Abraçou o chamado e, por causa dele, hoje as capelinhas estão em todas as casas, e não apenas nas igrejas. É a minha primeira vez em Santa Maria e considero um milagre estar aqui. Sempre tive vontade de vir. Quando cheguei ao Santuário, me senti realizada, como se fosse realmente um chamado da Mãe. Este presente dos 75 anos quem ganhou fui eu. A viagem foi longa: saímos de Caruaru às 22h, passamos pelo Recife, depois Porto Alegre e chegamos a Santa Maria quase 26 horas depois. Ainda não tínhamos nem tomado banho, mas valeu a pena. A história de João, contada em forma de teatro, me tocou muito. É diferente de ler em um livro. Sou promotora vocacional, represento-o e trouxe a capelinha comigo.”

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